A aula da vida
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br
A defasagem do calendário letivo do Cefet, por conta de paralisações pretéritas de servidores, permitiu ao professor, já conhecendo os alunos, conversar mais detalhadamente sobre o recesso em torno do Carnaval, antes de retomar os conteúdos programáticos. Neste processo, este articulista trouxe para o leitor, dois casos que demonstram, como a educação se mistura com a vida e, como é possível, despertar o aprendizado, a partir da realidade de vida do aluno.
Depois das boas vindas, um texto para engrenar os estudos. A aula era de gestão da produção. O artigo tratava da implantação de políticas chamadas de colaboracionistas e participativas, no aperfeiçoamento de gestão no setor público ou privado, na indústria ou na área de serviços.
Um tempo para leitura e ainda antes do espaço para o debate, um papo sobre a vida nos dias de recesso. A Alice perguntei como tinha sido a viagem com o marido peruano ao país dele. Instantes interessantes de exclamação e indagação de colegas e até do professor, sobre a realidade atual de um país latino. Costumes, cultura, emprego, universidade, um rápido passeio que abriu espaços para discutir como, o “modus vivendi” de determinadas populações são influenciadas pela mídia, pelo estímulo ao consumo e pela idéia preponderante do ter, ao invés do ser. Uma ponte com o texto que citava o livro “Construindo uma sociedade onde todos ganhem”, da Hazel Handerson que aborda a possibilidade de se mudar a concepção do consumir mais, para produzir mais, gerar mais emprego, como se não houvesse limites.
Voltando às experiências do recesso letivo, Sidimar, que trabalha numa empresa de embarcação contratada da Petrobras, relatou a trágica experiência, vivida na véspera, de um assalto à mão armada, ao voltar para casa, no Parque São Mateus, numa kombi “pirata” à beira da BR-101.
Junto da análise da violência na região, o fato de ter ficado descalço por decisão dos assaltantes que quiseram seu tênis, junto de um estimado cordão, acabou levando a aula de volta ao tema da cultura do ter e não do ser. Assim, o tema da colaboração em ambientes de trabalho, previsto no conteúdo programático, pôde ser trabalhado num contexto real. Conclusões são pouco importantes num ambiente de sala de aula, onde, na maioria das vezes, o papel do professor é o de provocar, instigar e fazer pensar. Bom ano letivo a alunos e professores!
PS.: Publicado na Folha da Manhã em 15 de fevereiro de 2008. As palavras ou frases em itálico completam o artigo publicado no jornal.