07 setembro 2007

População e problemas de mais e de menos na região

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br

O IBGE divulgou no início desta semana, os resultados preliminares da Contagem Populacional realizada este ano, junto com o Censo Agropecuário. Esta contagem difere do Censo porque não foi feita em todas as cidades, apenas naquelas de população inferior a 170 mil habitantes, segundo o censo de 2000. No norte fluminense, só Campos ficou de fora.

Alguns dados confirmaram estimativas já conhecidas. Os municípios pequenos que não recebem royalties como produtores tiveram suas populações estabilizadas com ligeiro crescimento ou declínio. Dois deles perderam população: Cardoso Moreira com menos 422 habitantes teve sua população reduzida de 12.579 em 2000, para 12.157 habitantes em 2007 e São Fidélis com menos 305 habitantes caiu de 36.774 em 2000, para 36.469 habitantes, agora em 2007.

O êxodo nestas e noutras cidades da região é facilmente explicado, pela absorção de gente nas cidades litorâneas que têm gordas fatias de royalties. É possível até afirmar, a existência de fluxo populacional entre elas, devido à atração gerada, pelo emprego e melhores condições de vida.

Também chama atenção a situação de Rio das Ostras, que teve sua população aumentada em 90%, em apenas sete anos. Município vizinho de Macaé e ex-distrito de Casimiro de Abreu Rio das Ostras tinha 36.769 habitantes em 2000 e 70.095 em 2007. O segundo maior aumento percentual de população entre as cidades da Baixada Litorânea e do Norte Fluminense foi de Búzios com 27,6%: 18.179 habitantes em 2000 e 23.208 em 2007. Entre os municípios produtores de petróleo de nossa região, São João da Barra teve o menor crescimento populacional.

Bom também destacar que não há nada a ser comemorado pelos municípios que apresentam maior número de habitantes. Alguns prefeitos gostam de expor estes números como se fossem feitos de suas administrações, mas reclamam da quantidade de gente que vem lhe pedir emprego, casa, escola, hospital, etc. Esta contradição no fundo é política e cada um a explora conforme suas conveniências. A única vantagem é a elevação dos repasses governamentais baseados na população.

Na verdade, quanto mais gente, mais necessidade de leitos hospitalares, escolas, casas, saneamento, etc. O tamanho da população não pode ser visto, como às vezes aparece na mídia, como um campeonato, embora seja natural diagnosticar que o crescimento da população tem relação direta com o desenvolvimento econômico, porque onde há emprego há fluxos de pessoas.

Sendo assim, é possível diagnosticar que a cadeia produtiva do petróleo continua sendo a mola mestra do desenvolvimento econômico regional. Isto reforça a idéia repetida, e, talvez ainda não praticada, da necessidade de planejar o desenvolvimento para a era pós-petróleo. Neste aspecto, este articulista considera que nada há para comemorar e muito existe para se preocupar.

Publicado na Folha da Manhã em 07 de setembro de 2007.