Posses, danos e soluções
Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br
Você pode não saber, mas já há apartamentos de luxo em Campos sendo comercializados a valores próximos de R$ 1 milhão. Isto mesmo R$ 1 milhão. Da onde advém esta riqueza? Quem seriam seus proprietários? No passado as grandes posses estavam nas mãos da igreja. Depois passaram a grandes proprietários rurais e usineiros que também faziam parte da primeira categoria.
Depois de um tempo, alguns comerciantes viraram os homens do dinheiro na planície e há pouco mais de uma década, o quadro se modificou. Os adquirentes destes imóveis verdadeiramente milionários têm sido, os políticos, médicos e empreiteiros. Não necessariamente nesta ordem e sem precisar fazer parte apenas de uma das categorias. Alguns são polivalentes nestas carreiras.
No caso dos médicos, cuja origem dos recursos pode estar, quando comparado aos outros dois, mais ligados ao trabalho árduo e honesto tem um adicional. Nunca na história do município, esta classe teve uma representação política tão expressiva: cinco de dezessete vereadores (30%), mais o prefeito, um deputado estadual e um federal. Aparentemente não há mal no fato, apenas faço uma constatação. A análise sobre ela, este articulista deixa para o competente e astuto leitor.
Não era este o assunto, mas talvez o ato falho me tenha trazido por estes caminhos. Na verdade, a abordagem era sobre a necessidade da sociedade ampliar as exigências de preservação ambiental. O ato falho se explica com a tese de que há que se cobrar mais, de quem tem mais.
Quem tem mais consome mais. Quem consome mais, estraga mais, polui mais. Quem tem mais é mais informado e por isso deveria ter mais consciência e servir de exemplo. Vamos ao caso: quem tem R$ 1 milhão para comprar um apartamento, não se incomodaria, e, talvez, até sentisse um certo alívio na consciência, se exigissem do projetista e do construtor, medidas que paulatinamente passassem também a ser cobradas, de todos os imóveis novos e de porte que fossem construídos.
O que deveria ser obrigação nestes projetos? Aquecimento de água feito obrigatoriamente por aquecedores solares. Aproveitamento de água da chuva a partir do telhado do prédio. Projeto de reutilização de água das torneiras e pias, nos sanitários. Projeto e espaço físico destinado à coleta seletiva de lixo desde os apartamentos. Projeto de iluminação com luminárias refletoras de baixo consumo de energia. Medição de consumo individual de água para cada unidade habitacional.
Outras medidas poderiam ser agregadas a estas iniciais e seria um mínimo de contribuição a ser dada, por quem tem condições de bancar mais facilmente, mudanças na forma de viver e de consumir, que paulatinamente pudessem se espalhar pela população como um todo.
Exigências similares deveriam também estar presente nos, também milionários, projetos de habitação popular desenvolvidos pela prefeitura. A questão ambiental não pode ser deixada para amanhã precisa ser enfrentada hoje.
A primeira consciência não pode advir daquele que é primeiramente atingido, porque por esta lógica, o aquecimento global que já nos atinge, primeiro aquece o corpo dos que moram na periferia do que nos moradores dos apartamentos citados, que vivem refrigerados tal qual seus escritórios e carros. O que for interpretação, para além da preocupação ambiental neste artigo, não passa de complemento o que, não significa que não valha também, a sua reflexão!
* Publicado na Folha da Manhã em 23 de Março de 2007.
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br
Você pode não saber, mas já há apartamentos de luxo em Campos sendo comercializados a valores próximos de R$ 1 milhão. Isto mesmo R$ 1 milhão. Da onde advém esta riqueza? Quem seriam seus proprietários? No passado as grandes posses estavam nas mãos da igreja. Depois passaram a grandes proprietários rurais e usineiros que também faziam parte da primeira categoria.
Depois de um tempo, alguns comerciantes viraram os homens do dinheiro na planície e há pouco mais de uma década, o quadro se modificou. Os adquirentes destes imóveis verdadeiramente milionários têm sido, os políticos, médicos e empreiteiros. Não necessariamente nesta ordem e sem precisar fazer parte apenas de uma das categorias. Alguns são polivalentes nestas carreiras.
No caso dos médicos, cuja origem dos recursos pode estar, quando comparado aos outros dois, mais ligados ao trabalho árduo e honesto tem um adicional. Nunca na história do município, esta classe teve uma representação política tão expressiva: cinco de dezessete vereadores (30%), mais o prefeito, um deputado estadual e um federal. Aparentemente não há mal no fato, apenas faço uma constatação. A análise sobre ela, este articulista deixa para o competente e astuto leitor.
Não era este o assunto, mas talvez o ato falho me tenha trazido por estes caminhos. Na verdade, a abordagem era sobre a necessidade da sociedade ampliar as exigências de preservação ambiental. O ato falho se explica com a tese de que há que se cobrar mais, de quem tem mais.
Quem tem mais consome mais. Quem consome mais, estraga mais, polui mais. Quem tem mais é mais informado e por isso deveria ter mais consciência e servir de exemplo. Vamos ao caso: quem tem R$ 1 milhão para comprar um apartamento, não se incomodaria, e, talvez, até sentisse um certo alívio na consciência, se exigissem do projetista e do construtor, medidas que paulatinamente passassem também a ser cobradas, de todos os imóveis novos e de porte que fossem construídos.
O que deveria ser obrigação nestes projetos? Aquecimento de água feito obrigatoriamente por aquecedores solares. Aproveitamento de água da chuva a partir do telhado do prédio. Projeto de reutilização de água das torneiras e pias, nos sanitários. Projeto e espaço físico destinado à coleta seletiva de lixo desde os apartamentos. Projeto de iluminação com luminárias refletoras de baixo consumo de energia. Medição de consumo individual de água para cada unidade habitacional.
Outras medidas poderiam ser agregadas a estas iniciais e seria um mínimo de contribuição a ser dada, por quem tem condições de bancar mais facilmente, mudanças na forma de viver e de consumir, que paulatinamente pudessem se espalhar pela população como um todo.
Exigências similares deveriam também estar presente nos, também milionários, projetos de habitação popular desenvolvidos pela prefeitura. A questão ambiental não pode ser deixada para amanhã precisa ser enfrentada hoje.
A primeira consciência não pode advir daquele que é primeiramente atingido, porque por esta lógica, o aquecimento global que já nos atinge, primeiro aquece o corpo dos que moram na periferia do que nos moradores dos apartamentos citados, que vivem refrigerados tal qual seus escritórios e carros. O que for interpretação, para além da preocupação ambiental neste artigo, não passa de complemento o que, não significa que não valha também, a sua reflexão!
* Publicado na Folha da Manhã em 23 de Março de 2007.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home