09 fevereiro 2007

Parem de falar mal da política!

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail:moraes@fmanha.com.br

Tenho evitado palestras, seminários, audiências, reuniões, etc. Já disse, tirando o blog e as aulas que sou obrigado pelo ganha-pão e pela, satisfação que ainda sinto, tudo o mais, estou dispensando. Mesmo com proposta de viagem. Para estas coisas estou de licença sabática. Não sabe o que é? Procure no Google. Deve ser isto mesmo que está por lá.

Pois, então, em setembro do ano passado fui convidado pela amiga e professora, Tânia Vasconcelos, para falar para umas turmas numa escola de EJA, na rua Formosa (melhor nome que o oficial). Sabe o que é? Não vou mandar você procurar no Google, porque, senão, eu é que sei, onde vou parar. EJA significa: Educação para Jovens e Adultos. Algo parecido, porém, mais elaborado, do que aquilo que antes era chamado de Supletivo.

Clientela básica, pessoal da periferia, misturando como identifica o nome: jovens e adultos, alguns até bastante maduros. Antes de começar, ao ver aqueles rostos, fiquei a imaginar seus anseios, suas expectativas mais remotas. O tema era cidadania. Menos de uma semana antes da eleição, não podia, deixar de misturar os canais, que por natureza, já são misturados.

Gostei. Uma mistura, como estamos vendo acontecer em toda a sociedade de crentes e descrentes no futuro e uma maioria desacreditada da política em todo e qualquer nível. Tentei falar sobre a relação entre o esforço individual de cada um de nós, para ascender socialmente e a necessidade de atuarmos coletivamente em pequenos e grandes grupos, em associações, clubes, igrejas, partido, etc. para encaminharmos propostas, fazer reivindicações e pressões.

Falei do complemento que isto deve ter, em relação ao nosso papel de escolher, vigiar, e pressionar também os representantes escolhidos para os três níveis de poder. Aí a descrença é geral. Muitos não acreditam que isso seja possível, embora citem exemplos diversos, de soluções conquistadas a fórceps em e para, suas áreas.

Interessante ver o descrédito da política partidária mesmo com a proposta da fiscalização, do controle e da pressão. A maioria não consegue ainda identificar que a política é muito mais importante para as classes mais baixas, do que para as elites, embora ambas, desdenhem os políticos, com uma exceção: na área dos royalties. Aqui riqueza tem sido sinônima de política e vice-versa.

Acho que poucos - não falo, do público do bate-papo, mas no geral – enxergam o prejuízo que se está trazendo à nação, só falando mal da política. Por tudo isso, plagiando o nome de uma peça da excepcional, Elisa Lucinda, que diz: parem de falar mal da rotina, eu digo: parem de falar mal da política! Mas, por favor, não deixem os políticos à vontade. Vigiem, gritem, proponham, forcem a barra e acreditem: as coisas podem ser melhores!

Publicado na Folha da Manhã em 09-02-07

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Prof. Roberto Moraes, saudações...
Concordo com sua opinião expressa no referido artigo, entretanto, sinto-me na obrigação de reforçar a expressão que falta à maioria da classe política de nosso país: "Para se receber respeito, devemos, antes de tudo, dá-lo". Este é o ponto principal, talvez, o ponto mais ligado à questão moral e ética da política nacional: O RESPEITO. Respeito à ética, respeito à moral, respeito ao compromisso assumido, respeito aos eleitores, enfim: respeito à "lei do retorno", pois "para que o mal sempre vença, basta que os bons nada façam". Acho que os políticos, de uma forma geral, devem encarar suas responsabilidades com mais afinco, sem "pessoalidade" em seus atos, mas sim, tentar priorizar principalmente a coletividade. Isto é o que está faltando em nosso Brasil. Sei que não são todos, mas a grande maioria, infelizmente, deveria tomar conhecimento destes princípios básicos, pois nosso povo sofre por vários fatores, dentre eles: a falta de compromisso dos seus representantes. Abraços do Skf.

07:29  
Blogger Roberto Moraes said...

Caro Skf,

Para ter o respeito é preciso exercer o controle sobre os seus mandatos. Sem isso, a pessoalidade tende a imperar.

A sociedade tem que identificar que é preciso mais do que votar para exercer a cidadania na sua integralidade. Isso dura o tempo necessário ao aumento desta compreensão que, quase sempre, vem acompanhado do aumento do grau de escolaridade.

Abs,

11:41  

Postar um comentário

<< Home