29 janeiro 2007

Gestão de pessoas na PMCG: hora de arrumar a casa!

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes@fmanha.com.br

Faxina pode ser mais arrumação que limpeza. Sem entrar no mérito da decisão judicial que determinou a suspensão da forma de contrato temporário que a prefeitura de Campos vinha utilizando, aproveito a oportunidade para analisar outras questões relacionadas ao fato.

Primeiro quero dizer, que mesmo sendo uma pessoa razoavelmente informada e interessada nas coisas relativas à gestão pública municipal, jamais poderia sequer imaginar, que o número de funcionários públicos em nossa cidade beirasse a casa dos 30 mil servidores. Esta quantia aponta para a existência de um servidor para cada quatorze habitantes.

Ouso dizer que esta proibição é o maior desafio que o prefeito Mocaiber tem ou terá durante todo o seu mandato. Nem mesmo a enchente, a queda das pontes terá repercussão tão grande entre os seus munícipes. Não é exagero afirmar, que hoje é difícil encontrar no seio de alguma família, algum de seus membros que não seja um destes contratados.

Verdade também que o problema não foi produzido por ele enquanto prefeito, mas como secretário de Saúde ajudou prefeitos passados a construírem este significativo contingente de trabalhadores. A decisão judicial não nega a necessidade deles, mas rejeita a forma que faz com que o contratado seja um eterno dependente.

Já é conhecida a afirmação que é da crise que se constrói soluções. Pois então está na hora de se arrumar a casa na questão da administração de pessoal na prefeitura. Neste caso, a solução e o exemplo devem começar de cima. É insustentável o número exagerado de secretarias, gerentes, presidentes de empresas e assessores.

Neste sentido, é esclarecedora a foto de Walmir de Oliveira publicada na quarta-feira pela Folha da Manhã. A fotografia mostrou uma reunião do prefeito Alexandre Mocaiber com seu secretariado. Tamanha era a quantidade de gente, que ele precisava de um auditório para se reunir com seus assessores diretos. Seu plano não era igual, ele falava de um palco e precisava usar microfone para falar com todos.

Não considero que mesmo, com toda a complexidade que se reveste a administração municipal nos dias de hoje, se careça de tanto. Além do mais, uma estrutura de técnicos eficientes e livres de apadrinhamento, será muito mais útil ao município, do que uma legião de cabos eleitorais que ano sim, ano não, dão as cartas.

Soluções-tampão estão sendo encaminhadas como as terceirizações feitas através de convênios com fundações. Elas, no entanto, não podem ser feitas e acredito que a justiça não acatará, na proporção das atuais contratações. Elas cabem em atividades complementares às atribuições do poder público e não em áreas fins, onde a melhor solução é o concurso público.

Verdade que muita gente vai aproveitar para fazer política em cima de quem sobrar no desejo de colocar os seus. Porém, o momento é de coragem em arrumar o município para os seus grandes desafios, entre os quais o de consertar os estragos da enchente no presente e o de planejar um futuro melhor, quando teremos que viver sem a fartura dos royalties. Serenidade, firmeza e visão de futuro é o que se pode desejar, num momento como este, para um gestor responsável.

Publicado na Folha da Manhã em 26 de janeiro de 2007.