09 janeiro 2007

O primeiro dos oito anos

Roberto Moraes Pessanha
Professor do CEFET Campos
e-mail:
moraes.rol@terra.com.br

Considerando que atualmente no Brasil, o mandato do executivo nos três níveis de governo é de oito anos, com um plebiscito no meio avalio que Cabral iniciou bem sua trajetória.

A maior das suas perspicácias foi a de dizer, que não tem ambição maior do que a de querer governar bem o seu estado. Na prática ele faz o mesmo que seu companheiro, o governador mineiro, Aécio Neves, que sempre diz que a aspiração de todo o político tem valor até a disputa do cargo de governador e que, daí em diante, depende mais, das circunstâncias do momento, do que propriamente de uma vontade e um sonho desmedido que pode mais frustrar o pretendente do que ajudá-lo, na concretização de vôos mais altos.

Cabral ao agir assim, se contrapõe diretamente, sem precisar citar, ao casal antecessor no cargo que hoje ocupa. Assume tendo como maior desafio, o mesmo que não foi vencido pelos seus ex: a violência e a insegurança no estado. A insegurança aumentou de fato e de sensação, embora nem sempre seja visível, nas estatísticas elaboradas em metodologias criadas ao gosto do freguês. Para nós no interior é desnecessária qualquer comparação.

Aliás, o interior é outro grande desafio para Cabral. Minha análise que se não é isenta, pela impossibilidade de alguém sê-lo, não me permite dizer que, apesar de se esperar muito mais de quem, aqui se fez para o cenário nacional, fez mais - não muito - que seu antecessor.

Em Minas e São Paulo, outros dois estados grandes da região sudeste, os governadores têm conseguido ser menos, um segundo prefeito da capital e têm tratado, especialmente, das cidades pólos do interior. Na minha opinião, o crescimento do interior, tem tido, mais a ver com fatores extras, políticas do governo estadual e ainda com o fato de nosso estado ser, entre os maiores da região sudeste, onde o interior ficou, quase que parado no tempo e no espaço.

Portanto, por aqui havia e ainda há, até por inércia, mais espaço para este crescimento que acabou sendo ajudado, pela presença do petróleo em nossa bacia, pela exploração turística da região da costa do sol (ex-região dos lagos) possibilitada e incrementada por infra-estruturas bancada pela receita dos royalties e também, pelo alavancar industrial, das cidades da região sul, estas, já potencialmente viáveis, pela localização no eixo, ao redor da via Dutra entre as cidades e os estados do Rio e o de São Paulo, do que propriamente, por políticas públicas estratégicas.

Nosso estado para ser potencialmente forte com desenvolvimento social e econômico precisa crescer para além da região metropolitana, já adensada em termos de população. Nosso estado, também ao contrário de São Paulo e Minas, ainda tem índices enormes de êxodos em direção à capital e à região metropolitana. Por isso, entre outros motivos julguei equivocada para o país e para o estado, a escolha de Itaboraí para sede do Complexo Petroquímico.

Enfim, desenvolver o estado de forma integral é o maior desafio e talvez a melhor, ou única, solução para os principais males do estado, entre eles a insegurança pública. Por fim, não se pode esquecer, que o fim do petróleo e dos royalties serão drásticos para os municípios, mas de forma mais especial e cruel, para nosso estado que hoje, abocanha gordas parcelas, que em 2006 alcançaram a extraordinária cifra de: R$ 4,36 bilhões. Esse dado entre outros, aumenta a necessidade e a responsabilidade de também se projetar o estado, para a era pós-petróleo. Assim, é bom começar a aproveitar, não só o primeiro, mas todos os demais anos de mandato.

Publicado na Folha da Manhã de 5 de janeiro de 2007.