10 março 2007

E os nossos empregos?

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br

É baseado neste tema que a maioria dos discursos políticos e, especialmente os eleitorais, são construídos em todo o país. Em Campos não é diferente, portanto é um indicador que merece permanente análise de um bom gestor.

Entre 2002 e 2005, o município acompanhou a onda nacional até com uma performance um pouco melhor, saindo do patamar de 49 mil, para 60 mil empregos. No entanto no período de dezembro de 2005 a dezembro de 2006, os empregos praticamente empacaram: 60.328 x 60.421. Os dados são oficiais do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho) e fazem parte do 16º Boletim do Observatório Socioeconômico do Norte Fluminense, que deverá ser lançado no início da semana que vem.

O professor Romeu e Silva Neto, coordenador do Observatório e dos Boletins sobre os índices do emprego que são publicados desde 2001 disse, em entrevista para o meu blog, que esta estagnação se deve “à falta de uma política pública de desenvolvimento que privilegie as micros e pequenas empresas (MPE) dos setores de serviços, indústria e agropecuária e à falta de incentivo à criação de novas empresas MPEs inovadoras e de base tecnológica”.

É quase certo, que os R$ 203 milhões injetados nos 50 projetos financiados pelo Fundecam desde 2002, tenham gerado menos, que os 4 mil empregos anunciados pela comunicação oficial.

Outra observação a ser feita é a respeito do peso do emprego público sobre o total dos empregos no município. Com 29 mil servidores, a prefeitura de Campos tem o equivalente, à metade de todos os empregados na atividade privada. Este fato deveria aumentar a preocupação, sobre o dia seguinte ao encerramento, ou mesmo, da diminuição da receita dos royalties.

Esta preocupação cresce na mesma proporção da constatação do crescimento, do número absoluto, dos empregos do comércio varejista no município. Com 14.614 empregos e um aumento de 30% no período entre 2000 a 2004, o setor continua influenciado diretamente pelos recursos que circulam a partir, dos salários dos servidores municipais. Num cenário futuro, ambos: royalties e empregos públicos devem sofrer reduções com impactos ainda maiores na comunidade.

Os municípios vizinhos têm índices reduzidíssimos de empregos privados, sem mudanças significativas nos últimos dez anos, mesmo naqueles contemplados com as gordas fatias dos royalties. Este dado é a comprovação na prática, de que os recursos dos royalties, não têm propiciado um arrasto sobre a economia circulante destas cidades.

A única exceção é Macaé, que em dezembro de 2006 tinha registrado, o magnífico número de 72.237 empregos formais. É o maior percentual de empregos em relação à população total entre todos os municípios brasileiros já vista no país. Maior até mesmo que sua PEA (População Economicamente Ativa), fato que se explica pelo número significativo de trabalhadores fichados no município, mas moradores de diferentes pontos do país e até do exterior.

Não cabe sobre estes números de Macaé nenhuma outra comparação. Merece apenas a observação de que para Macaé e até para a região seria melhor, que parte destes empregos pudesse ser repartido com os municípios vizinhos espalhando a economia e diminuindo, a pressão que a “Princesinha do Atlântico” vive com conseqüências graves, na segurança pública e no quadro de favelização. Veja mais informações, comente e debata o assunto em meu blog no endereço: http://robertomoraes.blogspot.com.

Publicado na Folha da Manhã em 09-07-2007.