03 maio 2006

Campos, crise sem fim!

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
moraes.rol@terra.com.br

Enganados estavam aqueles que pensavam que com a eleição e posse do prefeito agora eleito, as coisas se acomodariam e a administração pública finalmente deslancharia em Campos. Coisa nenhuma. Uma nova viagem ao exterior do prefeito empossado na quarta-feira, Alexandre Mocaiber, já instalou uma nova crise que muitos tentam atenuar ou mesmo esconder.

A assessoria jurídica do prefeito entende, por uma interpretação da Lei Orgânica do município, que um afastamento inferior a quinze dias não gera necessidade de repassar o cargo ao vice-prefeito eleito, Roberto Henriques. Por conta disto, Mocaiber viajou sem passar o cargo.

O vice-prefeito não aceitou a situação e se considerou interinamente no cargo de prefeito nomeando assessores, assinando e publicando portarias, inclusive uma que determina aos subordinados do prefeito a obrigatoriedade de mantê-lo informado sobre as situações de rotina e as excepcionais, ato que seria desnecessário, e até ridículo, se não houvesse questionamento sobre a legalidade da sua interinidade. Imagine você que se a perdurar tal situação, todos os atos tomados neste período serão, no mínimo, passíveis de questionamentos sobre a sua legalidade.

Sob o ponto de vista político, a situação seria contornável se a questão se resumisse aos dez dias de afastamento, mas o tom das entrevistas do prefeito interino é a de quem quer dizer como as coisas têm que funcionar no município e não a de quem é parte de uma equipe.

Verdade que muita coisa precisa ser modificada e não adianta ficar só pregando a paz é preciso construí-la na prática. Algumas vezes será necessário contrariar interesses. Não há como fazer um bom governo agradando a todos. Aliás, alguém já disse que o caminho mais rápido para o fracasso é o de tentar agradar a todos.

Quem não é ingênuo sabe que na gênesis deste problema está a questão das eleições de outubro próximo. Henriques não aceita que seu partido, o PDT, abra mão de lançar candidatos próprios aos cargos de deputado federal e estadual no município.

A população cansada já começa a ver e verbalizar que de eleição em eleição os nomeados trabalham não exatamente a favor da população, mas para seus projetos políticos. Enquanto isso, a cidade continua a jogar pela janela a oportunidade ímpar de deslanchar o seu desenvolvimento.

PS.: Registro os inúmeros e-mails e telefonemas de agradecimento de petroleiros e seus parentes pelo artigo da semana passada no qual fiz referência à importância deles na edificação da auto-suficiência. Na oportunidade pude também notar a indignação deles com a gestão da UN-BC (Unidades de Negócios da Bacia de Campos) por esta, até hoje, não ter promovido nenhum ato ou cerimônia para o trabalhador personagem imprescindível neste resultado. Ainda há tempo!

Publicado na Folha da Manhã de 28 de abril de 2006.