Verdadeiramente Probo: trabalho ou estágio em troca da bolsa
Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Não há nada pior e mais vicioso do que você conceder algo do setor público sem exigência de troca, compensação ou contrapartida. A doação ou concessão, via de regra, vicia o recebedor, principalmente, se ele tem condições de oferecer algo em troca.
Não me refiro aos miseráveis que passam fome, ou aos idosos que não têm, na maioria das vezes, forças físicas para o exercício e o desenvolvimento de projetos amplos. A minha referência é feita para os milhares de jovens e adultos atendidos pelo programa de bolsas de estudos nas instituições universitárias particulares do nosso município.
Batizado pelo sugestivo e instigante nome de Probo, o programa muitas vezes questionado pelos seus critérios de concessão, merece, além de mais transparência nestes critérios, um outro tipo de aperfeiçoamento: uma contrapartida do aluno atendido.
Por exemplo, a exigência que o beneficiado atue em um “programa de caráter social” sob a forma de estágio na sua área de formação, numa carga horária de, por exemplo, 40 (quarenta) horas mensais, coordenadas, por um orientador específico para cada secretaria participante do programa, como a de saúde, educação, promoção social, indústria e comércio, esportes, etc.
Note bem, não estou falando de participação burocrática e nem de atividades desenvolvidas em escritórios. A máquina pública, neste sentido, via de regra, não tem boas coisas a ensinar. Falo de atividades práticas, tipo pé-no-chão, no barro, na estrada. Algo semelhante, ao antigo Projeto Rondon, só que dentro do próprio município.
Os resultados seriam, pelo menos, duplo: do aluno que assim conheceria mais profundamente a realidade do seu município e a do cidadão da periferia atendido em demandas e orientações que podem ajudar a mudar a sua condição social. De lambuja, a gestão municipal ganharia a ampliação dos seus tentáculos ao cidadão que, no fundo é a sua razão de existir.
Algo semelhante está sendo proposto para os alunos atendidos pelo programa Pro-Uni do governo federal, pelo deputado federal Paulo Delgado, como emenda dentro da Reforma Universitária que atualmente está sendo discutida no Congresso Nacional.
Mais e melhores resultados podem ser alcançados em programa semelhante dentro do município que, na verdade, está mais perto do cidadão a quem busca atender. Sendo assim, a idéia vale para todos os municípios da região, que com recursos dos royalties têm concedido bolsas aos seus universitários.No caso de Campos, o programa municipal poderia verdadeiramente se dizer Probo, ao usar o dinheiro que é de todos a serviço de quem mais precisa. Fica mais esta sugestão.
Publicado na Folha da Manhã em 8 de setembro de 2006.
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Não há nada pior e mais vicioso do que você conceder algo do setor público sem exigência de troca, compensação ou contrapartida. A doação ou concessão, via de regra, vicia o recebedor, principalmente, se ele tem condições de oferecer algo em troca.
Não me refiro aos miseráveis que passam fome, ou aos idosos que não têm, na maioria das vezes, forças físicas para o exercício e o desenvolvimento de projetos amplos. A minha referência é feita para os milhares de jovens e adultos atendidos pelo programa de bolsas de estudos nas instituições universitárias particulares do nosso município.
Batizado pelo sugestivo e instigante nome de Probo, o programa muitas vezes questionado pelos seus critérios de concessão, merece, além de mais transparência nestes critérios, um outro tipo de aperfeiçoamento: uma contrapartida do aluno atendido.
Por exemplo, a exigência que o beneficiado atue em um “programa de caráter social” sob a forma de estágio na sua área de formação, numa carga horária de, por exemplo, 40 (quarenta) horas mensais, coordenadas, por um orientador específico para cada secretaria participante do programa, como a de saúde, educação, promoção social, indústria e comércio, esportes, etc.
Note bem, não estou falando de participação burocrática e nem de atividades desenvolvidas em escritórios. A máquina pública, neste sentido, via de regra, não tem boas coisas a ensinar. Falo de atividades práticas, tipo pé-no-chão, no barro, na estrada. Algo semelhante, ao antigo Projeto Rondon, só que dentro do próprio município.
Os resultados seriam, pelo menos, duplo: do aluno que assim conheceria mais profundamente a realidade do seu município e a do cidadão da periferia atendido em demandas e orientações que podem ajudar a mudar a sua condição social. De lambuja, a gestão municipal ganharia a ampliação dos seus tentáculos ao cidadão que, no fundo é a sua razão de existir.
Algo semelhante está sendo proposto para os alunos atendidos pelo programa Pro-Uni do governo federal, pelo deputado federal Paulo Delgado, como emenda dentro da Reforma Universitária que atualmente está sendo discutida no Congresso Nacional.
Mais e melhores resultados podem ser alcançados em programa semelhante dentro do município que, na verdade, está mais perto do cidadão a quem busca atender. Sendo assim, a idéia vale para todos os municípios da região, que com recursos dos royalties têm concedido bolsas aos seus universitários.No caso de Campos, o programa municipal poderia verdadeiramente se dizer Probo, ao usar o dinheiro que é de todos a serviço de quem mais precisa. Fica mais esta sugestão.
Publicado na Folha da Manhã em 8 de setembro de 2006.
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