01 setembro 2006

A sina do Goyta

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes@fmanha.com.br


Triste sina a de que é vítima o nosso Goytacaz. Falo nosso, pela tradição e pelas referências necessárias de serem mantidas, em épocas conturbadas como a atual. Viveu sempre sob a pressão do Caixa D’água-1. Este acenava com apoio dizendo defender o futebol do interior, desde que o Goytacaz se mantivesse distante do seu time de coração.

Este ano, mais uma vez, o ex-presidente inventou uma novidade que foi a de ampliar o número de participantes do campeonato estadual, que a imprensa da capital insiste em chamar de Campeonato Carioca. Entendo o charme do nome, mas rechaço o preconceito. Todos os demais estados já assumiram seus campeonatos como sendo estaduais, com suas vantagens e desvantagens.

Pois bem, foi aprovada a idéia da se criar uma “Seletiva” para selecionar mais quatro times que ano que vem, se somam aos doze já classificados para disputar o estadual. Tenho dúvidas se isso é bom para o futebol estadual, mas, considerando o fato de ser um campeonato curto e que a ampliação do número de clubes movimentaria mais times, significando mais preparação de atletas, mais movimentação de recursos e o fato do Goytacaz ter nova chance, pessoalmente, aceitei.

As coisas estavam indo bem até à morte do Eduardo Viana. No seu lugar, assume, um sujeito chamado Rubens não sei lá das quantas, que a exemplo do Caixa-1, diz não se importar que divulguem que a sua maior preocupação é o seu time de coração, o Bangu, que já anunciou que disputará esta mesma seletiva, com o time inteiro do Madureira. Conhecem o estilo?

Tudo ainda continuaria bem, se as decisões tomadas pelo Caixa-1 continuassem valendo. Com a morte e a assunção do Caixa-2, sem trocadilho (Caixa-2, de Caixa D’água-2) o mesmo patrocina uma ação, cujo interessado, teoricamente, teria sido o time da Universidade Estácio de Sá. Aqui mais um parêntese: a Unesa recentemente dispensou uma leva enorme de professores e coordenadores, em seus diversos “campus” com o argumento da reengenharia e do corte de despesas, ao mesmo tempo em que resolve bancar um time de futebol, fecha o parêntese.

A partir da liminar concedida pela Justiça na ação movida pela Unesa, o Caixa D’água-2, se aproveitou para suspender o campeonato que começaria dois dias depois. Em seguida, suspendeu todas as decisões tomadas com os clubes na reunião da Federação, chamada de Arbitral – aquela que ao final, o Eduardo passou mal e faleceu - para reformular o campeonato, ao seu molde, ou melhor, ao interesse do Bangu. Sozinho, decidiu acrescentar mais dois times na seletiva, dividiu-os em grupo, acabou com a idéia do campeonato de pontos corridos, colocou times fortes para se enfrentarem no mesmo grupo, preparando desta forma, a situação que deseja para o seu Bangu, que na verdade é o Madureira, para estar entre os quatros finalistas da seletiva.

Triste sina esta do meu time. Sofreu com o Caixa-1 e agora com o Caixa-2. Afinal, só resta torcer. Bem diz, meu velho e dileto amigo Bagueira, que é melhor torcer para o Goyta, na já tradicional “segundona”, com seus jogos aos sábados à tarde, ganha um, perde outro, cria a expectativa de poder subir, reclama da perseguição, dos juízes, etc., do que ser massacrado na primeira divisão e assim, se vai levando a vida. Enfim, como para efetivamente ser, toda a sina e regra, precisam ter exceção, quem sabe não vai ser desta vez. Dá-lhe Goyta!

Publicado na Folha da Manhã em 01 de outubro de 2006.