20 agosto 2006

Mapa da Firjan – instrumento para debates & ação

Roberto Moraes Pessanha
Engenheiro e professor do Cefet Campos
e-mail:
rmoraes@cefetcampos.br

O Mapa do Desenvolvimento lançado na última quarta-feira, pela Firjan, no Rio de Janeiro, talvez seja até aqui, a única iniciativa que existiu, na campanha ao governo estadual que tentou tirar o processo eleitoral, da disputa entre grupos e do interesse de corporações, para um debate de maior profundidade sobre estratégias, projetos e ações que o nosso estado necessita.

Há que se fazer referência à elevação da posição que a Firjan vem tendo em relação às suas entidades congêneres em outros estados, ao propor o debate de questões mais amplas do que, o também importante, desenvolvimento industrial. Há também que se registrar, a preocupação crescente desta entidade, com as questões que dizem respeito à qualidade da administração pública, e a gestão ambiental numa perspectiva que vai além, das conhecidas, reivindicações corporativas.

Analisando apenas os pontos principais do documento que possui 112 páginas, realço a visão estratégica de se enxergar o estado de uma forma integrada e não mais estanque e dividido por regiões como até então se fez. Neste aspecto, há ainda muito em que se avançar, embora já seja um passo adiante se olhar para além, da velha dicotomia entre a região metropolitana e o interior.

Outro aspecto a ser citado é que muito mais que um diagnóstico, o documento é propositivo e prevê um período decenal, como prazo estratégico para o desenvolvimento das ações com metas quantificadas, o que ajuda e incentiva, os gestores a perseguirem estes objetivos.

Merece ainda destaque o estímulo ao debate das propostas apresentadas, o que subentende, a predisposição ao diálogo e a substituição da visão de dono da verdade, para a de parceiro na construção do desenvolvimento econômico e social do estado.

Nesta mesma linha, torço para que a ação estratégica de defesa da elaboração compartilhada e também o monitoramento, controle e avaliação dos orçamentos do estado e dos municípios sejam, efetivamente perseguidos, com o propósito de se viabilizar uma governança eficiente e transparente.

Bom que os candidatos saiam do formalismo do elogio puro e simples à iniciativa e partam para o debate das propostas, dizendo de que forma pretendem implantar aquilo com o qual concordam e as mudanças que julgam necessárias à construção de um estado mais forte e igualitário junto com outras forças vivas da sociedade.

O conhecimento e o debate sobre os pontos levantados pelo Mapa podem ajudar a sociedade a se instrumentalizar para a cobrança e o exercício daquilo que hoje se denomina como controle social das ações governamentais.

Bom que o debate sobre o Mapa seja feito em diferentes regiões de nosso estado. Desta forma, espero que as eleições, que ocorrerão em pouco mais de um mês, possam sair do ambiente pobre de idéias e debates, numa tônica similar, a que vivemos nos últimos oito anos em nosso estado.

Publicado na Folha da Manhã em 18 de agosto de 2006.