Belém e Campos – veja o peso da nossa responsabilidade!
Roberto Moraes Pessanha
Professor do CEFET Campos
e-mail: moraes@fmanha.com.br
Belém, PA - Nesta cidade que se intitula a capital da Amazônia - numa disputa com a vizinha Manaus - participo de mais encontro da Anpur (Asssociação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional). Desta vez atendi a um convite feito também, ao professor Rodrigo Serra, para participar de um debate sobre as cidades que recebem royalties pelo petróleo, com aquelas que auferem contribuições semelhantes, pela extração de minério.
Neste evento que tem a participação de arquitetos, geógrafos, gestores públicos e diversos outros especialistas, o que não falta é tema sobre a gestão de cidades. Experiências bem e mal sucedidas de planos urbanísticos, saneamento, habitação, transportes e outros são apresentados e discutidos, numa tentativa de buscar intervenções mais eficientes.
Professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação do Cefet, Uff, Uenf Ucam-Campos, marcam uma significativa presença com a apresentação de trabalhos e participação em debates, o que caracteriza, uma potencialidade ainda pouquíssimo, explorada em nossa cidade, que há muito carece de uma política de ciência, tecnologia e inovação.
Este é o terceiro evento de planejamento urbano que participo. Cada vez mais aprendo sobre a gestão de cidades e regiões deste país gigante que faz a gente se sentir, como deveria ser sempre: pequeno e humilde, ao inverso do tamanho da nossa presunção de conhecimento.
Entre os aprendizados que venho perseguindo, uma das primeiras lições é o da necessidade de se ter cuidado, em fazer comparações e paralelos, para realidades, territórios e gente tão diferentes, não só no território, mas também no tempo e na vida em comunidades.
Mesmo diante desta reflexão, mais uma vez não resisto em tentar ver semelhanças e diferenças, entre a quase quatrocentona, Belém e a nossa querida Campos. Tanto uma como outra foram criadas a partir de magníficos rios, sem necessidade de mais comparações, especialmente, quando um deles corta a nossa maior floresta. Mais que uma cidade, Belém é na verdade uma região metropolitana onde vivem, mais de 2,3 milhões de pessoas que habitam as cidades de Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará que se ligam à capital.
Belém com mais de 1,2 milhão de habitantes tem menos de 5% de rede coletora de esgoto e pelo menos, a metade da população ainda não recebe água tratada. Enfrenta seus problemas, que estão para além destes de saneamento, com um orçamento que este ano é de 1,158 bilhão, enquanto Campos dos Goytacazes está gastando em 2007, R$ 1,165 bilhão, para atender, a pouco mais de um terço da população de Belém.
Esta quase coincidência de orçamentos me obrigou a aprofundar outras comparações: para a saúde, Belém reservou a quantia de R$ 374 milhões, enquanto Campos destinou R$ 367 milhões; na educação Belém destinou R$ 144 milhões e Campos R$ 125 bilhões; para saneamento, Belém dotou R$ 117 milhões e mais R$ 43 milhões para habitação. Enquanto a isso, a Emhab de Campos tem um orçamento de R$ 42 milhões para habitação.
Sabendo que educação, saúde, saneamento e habitação são demandas relacionadas diretamente à população, Campos teria, a obrigação de ter, no mínimo, três vezes melhor ensino, educação e saneamento do que Belém. Infelizmente não vou poder ficar, para avaliar esta qualidade, apesar do encanto com o centro cultural e gastronômico montado no espaço do histórico porto e do também históricos: mercado municipal e de peixes que tem o sugestivo nome de “Ver o Peso” que, aliás, serve para nos lembrar, o peso da nossa responsabilidade!
Publicado na Folha da Manhã em 25 de maio de 2007.
Professor do CEFET Campos
e-mail: moraes@fmanha.com.br
Belém, PA - Nesta cidade que se intitula a capital da Amazônia - numa disputa com a vizinha Manaus - participo de mais encontro da Anpur (Asssociação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional). Desta vez atendi a um convite feito também, ao professor Rodrigo Serra, para participar de um debate sobre as cidades que recebem royalties pelo petróleo, com aquelas que auferem contribuições semelhantes, pela extração de minério.
Neste evento que tem a participação de arquitetos, geógrafos, gestores públicos e diversos outros especialistas, o que não falta é tema sobre a gestão de cidades. Experiências bem e mal sucedidas de planos urbanísticos, saneamento, habitação, transportes e outros são apresentados e discutidos, numa tentativa de buscar intervenções mais eficientes.
Professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação do Cefet, Uff, Uenf Ucam-Campos, marcam uma significativa presença com a apresentação de trabalhos e participação em debates, o que caracteriza, uma potencialidade ainda pouquíssimo, explorada em nossa cidade, que há muito carece de uma política de ciência, tecnologia e inovação.
Este é o terceiro evento de planejamento urbano que participo. Cada vez mais aprendo sobre a gestão de cidades e regiões deste país gigante que faz a gente se sentir, como deveria ser sempre: pequeno e humilde, ao inverso do tamanho da nossa presunção de conhecimento.
Entre os aprendizados que venho perseguindo, uma das primeiras lições é o da necessidade de se ter cuidado, em fazer comparações e paralelos, para realidades, territórios e gente tão diferentes, não só no território, mas também no tempo e na vida em comunidades.
Mesmo diante desta reflexão, mais uma vez não resisto em tentar ver semelhanças e diferenças, entre a quase quatrocentona, Belém e a nossa querida Campos. Tanto uma como outra foram criadas a partir de magníficos rios, sem necessidade de mais comparações, especialmente, quando um deles corta a nossa maior floresta. Mais que uma cidade, Belém é na verdade uma região metropolitana onde vivem, mais de 2,3 milhões de pessoas que habitam as cidades de Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará que se ligam à capital.
Belém com mais de 1,2 milhão de habitantes tem menos de 5% de rede coletora de esgoto e pelo menos, a metade da população ainda não recebe água tratada. Enfrenta seus problemas, que estão para além destes de saneamento, com um orçamento que este ano é de 1,158 bilhão, enquanto Campos dos Goytacazes está gastando em 2007, R$ 1,165 bilhão, para atender, a pouco mais de um terço da população de Belém.
Esta quase coincidência de orçamentos me obrigou a aprofundar outras comparações: para a saúde, Belém reservou a quantia de R$ 374 milhões, enquanto Campos destinou R$ 367 milhões; na educação Belém destinou R$ 144 milhões e Campos R$ 125 bilhões; para saneamento, Belém dotou R$ 117 milhões e mais R$ 43 milhões para habitação. Enquanto a isso, a Emhab de Campos tem um orçamento de R$ 42 milhões para habitação.
Sabendo que educação, saúde, saneamento e habitação são demandas relacionadas diretamente à população, Campos teria, a obrigação de ter, no mínimo, três vezes melhor ensino, educação e saneamento do que Belém. Infelizmente não vou poder ficar, para avaliar esta qualidade, apesar do encanto com o centro cultural e gastronômico montado no espaço do histórico porto e do também históricos: mercado municipal e de peixes que tem o sugestivo nome de “Ver o Peso” que, aliás, serve para nos lembrar, o peso da nossa responsabilidade!
Publicado na Folha da Manhã em 25 de maio de 2007.
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