Tecnofobias imateriais ou maluquices!
Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Continuando a série do mundo de contra-cabeça. Não li na internet e sim num jornal impresso. Não foi em caderno de informática, e nem, de economia e sim, num caderno, para as mulheres. O fato: uma dupla de publicitários de Porto Alegre que apresentaram novidades, num seminário de marketing de moda ocorrido, há dois meses, em São Paulo.
A dupla diz que trabalha com pós-materialismo. A primeira reação é imaginar algo zen ou holístico. Que nada, o inverso: eles se referem ao mundo do consumo por despesas com bens que não enxergamos. Citam como exemplo, a compra de uma casa ou, de um carro que só existe no mundo virtual. Falam em sites já existentes, onde internautas gastam dez dólares, para ter uma mansão na sua outra vida: a virtual.
Calma, a loucura não pára aí. A partir da casa, seu virtual dono (ou seria dono virtual?) não importa, consideremos, o dono deste bem imaterial, contrata como decoradora, uma menina nova-iorquina que cobra, outros dez dólares, para os seus serviços. Este mercado virtual procura compradores para outros produtos.
No Vietnã (por quê o Vietnã?) um menino cria armas virtuais vendidas a três dólares. Segundo eles, já existem comunidades, em que seres virtuais, vivem suas outras vidas em casas, bairros e cidades. São pessoas que teriam, no mundo real, poucos destes bens. Não conheço, mas a dupla de publicitários fala que, o Brasil já é o quinto país em número de participantes desta rede.
A maluquice avança. Estes publicitários ao invés, de se referirem às classes de consumo como A, B, e C, dividem-na numa pirâmide de influência. As alfas globais são os criadores; as betas globais os disseminadores e mainstream, os que recebem a influência: os consumidores. Exemplo? Um programa que abaixa músicas (em MP3) com bandas alternativas.
A turma do primeiro grupo, os alfas já usam o recurso há algum tempo. Os betas ao terem acesso, logo distribuem para duzentos amigos na rede que são os mainstream. Para mostrar que os publicitários não estão na estratosfera, saibam que eles hoje, já têm como clientes: a Nokia, Grendene, Claro, Unileve, etc. Quando estudam produtos de grandes volumes, observam as reações do grupo beta e para criar, se baseiam nos do grupo alfa.
Falam ainda de consumo vazio, que é aquele em que o cara consome expectativa, de uma futura necessidade, que quase nunca se confirma. Falam mais de psicologia do que de economia e miram no grupo etário, dos dezoito aos vinte e quatro anos.
Os bens imateriais não precisa ser esta loucura toda. Tem muita coisa já real, como é o caso do home-work. As pessoas que pensam o futuro das cidades, já não se referem ao caos das metrópoles porque avaliam, que os impactos tenderão a ser menores. As pessoas que vivem nestes espaços, tenderão a demandar menos alguns serviços, que antes faziam prever um caos, como no caso do transporte e do trânsito. Pensando sobre tudo isto, eu acordo lembrando da exclusão e das discrepâncias de renda e volto a sonhar no desejo de que estas sim fossem virtuais e o restante real.
Publicado na Folha da Manhã em 22 de setembro de 2006.
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Continuando a série do mundo de contra-cabeça. Não li na internet e sim num jornal impresso. Não foi em caderno de informática, e nem, de economia e sim, num caderno, para as mulheres. O fato: uma dupla de publicitários de Porto Alegre que apresentaram novidades, num seminário de marketing de moda ocorrido, há dois meses, em São Paulo.
A dupla diz que trabalha com pós-materialismo. A primeira reação é imaginar algo zen ou holístico. Que nada, o inverso: eles se referem ao mundo do consumo por despesas com bens que não enxergamos. Citam como exemplo, a compra de uma casa ou, de um carro que só existe no mundo virtual. Falam em sites já existentes, onde internautas gastam dez dólares, para ter uma mansão na sua outra vida: a virtual.
Calma, a loucura não pára aí. A partir da casa, seu virtual dono (ou seria dono virtual?) não importa, consideremos, o dono deste bem imaterial, contrata como decoradora, uma menina nova-iorquina que cobra, outros dez dólares, para os seus serviços. Este mercado virtual procura compradores para outros produtos.
No Vietnã (por quê o Vietnã?) um menino cria armas virtuais vendidas a três dólares. Segundo eles, já existem comunidades, em que seres virtuais, vivem suas outras vidas em casas, bairros e cidades. São pessoas que teriam, no mundo real, poucos destes bens. Não conheço, mas a dupla de publicitários fala que, o Brasil já é o quinto país em número de participantes desta rede.
A maluquice avança. Estes publicitários ao invés, de se referirem às classes de consumo como A, B, e C, dividem-na numa pirâmide de influência. As alfas globais são os criadores; as betas globais os disseminadores e mainstream, os que recebem a influência: os consumidores. Exemplo? Um programa que abaixa músicas (em MP3) com bandas alternativas.
A turma do primeiro grupo, os alfas já usam o recurso há algum tempo. Os betas ao terem acesso, logo distribuem para duzentos amigos na rede que são os mainstream. Para mostrar que os publicitários não estão na estratosfera, saibam que eles hoje, já têm como clientes: a Nokia, Grendene, Claro, Unileve, etc. Quando estudam produtos de grandes volumes, observam as reações do grupo beta e para criar, se baseiam nos do grupo alfa.
Falam ainda de consumo vazio, que é aquele em que o cara consome expectativa, de uma futura necessidade, que quase nunca se confirma. Falam mais de psicologia do que de economia e miram no grupo etário, dos dezoito aos vinte e quatro anos.
Os bens imateriais não precisa ser esta loucura toda. Tem muita coisa já real, como é o caso do home-work. As pessoas que pensam o futuro das cidades, já não se referem ao caos das metrópoles porque avaliam, que os impactos tenderão a ser menores. As pessoas que vivem nestes espaços, tenderão a demandar menos alguns serviços, que antes faziam prever um caos, como no caso do transporte e do trânsito. Pensando sobre tudo isto, eu acordo lembrando da exclusão e das discrepâncias de renda e volto a sonhar no desejo de que estas sim fossem virtuais e o restante real.
Publicado na Folha da Manhã em 22 de setembro de 2006.
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