Segundo turno, o primeiro passo para a concertação
Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Sou daqueles que julgam, que a obrigatoriedade da existência da maioria pelo governante eleito é algo de profunda importância para qualquer sociedade. No calor da disputa, nem sempre é possível ter o discernimento necessário para enxergar a importância, para a democracia e para a sociedade, desta existência do segundo turno.
Embora, também seja legítimo que o concorrente, melhor colocado queira liquidar a fatura já no primeiro turno, a sabedoria de alguns eleitores de esticar o debate produz vantagens visíveis.
Este é o caso da eleição presidencial e de governador em nosso estado. Ao longo do processo democrático, como eleitor, vamos estar em diferentes situações. Algumas vezes, teremos escolhido um candidato(a) que sequer foi classificado(a) para o pleito final e aí haverá que escolher entre outros dois, que não eram da nossa preferência. Neste caso, analisam-se atributos e virtudes de forma comparativa e toma-se a decisão a favor daquele, que não sendo o nosso(a) preferido(a), também não é aquele(a) a quem consideramos a pior escolha.
Outras vezes, estaremos do lado daquele(a) que não tendo sido o mais votado no primeiro turno, acabou ganhando, pela falta de maioria, a chance de aglutinar ao seu redor, os não classificados(as). Por fim, podemos ser defensores daquele(a) que chegou perto da maioria, mas, por decisão dela, precisa ser novamente sabatinado(a) em comparação, ao segundo colocado.
Li recentemente, que o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, em seus estudos sobre campanhas e resultados eleitorais descobriu que, em 120 disputas de segundo turno no Brasil, só houve um único caso, em que um dos dois finalistas, teve menos votos no segundo turno, do que no primeiro. As pesquisas até aqui estão indicando que este fato raro (menor que 1%) poderá se repetir nesta eleição presidencial. Se ele se confirmar, indago: qual terá sido, o motivo?
Qualquer que seja a sua resposta e preferência considero, que a existência desta possibilidade, mesmo que remota acaba sendo, mais um fator, pró-existência do segundo turno. Nem sempre, um candidato vencedor em primeiro turno sai mais fortalecido do que outro, que foi obrigado a disputar mais um turno, abrindo mão de certezas, para compor programas e equipes e repensar um governo, que obrigatoriamente terá que caminhar para uma coalizão ou concertação.
A “concertação” palavra derivada da “concertación”, na verdade, é o verdadeiro motivo, deste meu artigo. Considero que este é ainda um aprendizado que necessitamos absorver em nossa tenra democracia representativa. A eleição é um processo de escolha e não uma guerra, embora, até nestas, se dispute, mate, aleije, mas, com a perspectiva de um diálogo futuro, onde o vencedor avança na proporção da sua vitória, mas não precisa ter o aniquilamento do seu adversário.
Espero que possamos avançar no período pós-eleitoral, em que vencedores e vencidos consigam traçar um plano para o país. Em 2010 guerreamos de novo. Também aprendi com a experiência da vida, que cabe mais e quase exclusivamente, ao vencedor, o lançamento da ponte ou das pontes para este pacto ou concertação. Ao vencedor cabe obrigatoriamente, a humildade diante da magnanimidade da sua vitória, ao vencido, cabe a superioridade de reconhecer o vencedor e de que, o objeto da disputa que enfrentou é maior do que as suas pretensões pessoais. Que assim seja!
Publicado na Folha da Manhã em 27 de outubro de 2006.
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Sou daqueles que julgam, que a obrigatoriedade da existência da maioria pelo governante eleito é algo de profunda importância para qualquer sociedade. No calor da disputa, nem sempre é possível ter o discernimento necessário para enxergar a importância, para a democracia e para a sociedade, desta existência do segundo turno.
Embora, também seja legítimo que o concorrente, melhor colocado queira liquidar a fatura já no primeiro turno, a sabedoria de alguns eleitores de esticar o debate produz vantagens visíveis.
Este é o caso da eleição presidencial e de governador em nosso estado. Ao longo do processo democrático, como eleitor, vamos estar em diferentes situações. Algumas vezes, teremos escolhido um candidato(a) que sequer foi classificado(a) para o pleito final e aí haverá que escolher entre outros dois, que não eram da nossa preferência. Neste caso, analisam-se atributos e virtudes de forma comparativa e toma-se a decisão a favor daquele, que não sendo o nosso(a) preferido(a), também não é aquele(a) a quem consideramos a pior escolha.
Outras vezes, estaremos do lado daquele(a) que não tendo sido o mais votado no primeiro turno, acabou ganhando, pela falta de maioria, a chance de aglutinar ao seu redor, os não classificados(as). Por fim, podemos ser defensores daquele(a) que chegou perto da maioria, mas, por decisão dela, precisa ser novamente sabatinado(a) em comparação, ao segundo colocado.
Li recentemente, que o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, em seus estudos sobre campanhas e resultados eleitorais descobriu que, em 120 disputas de segundo turno no Brasil, só houve um único caso, em que um dos dois finalistas, teve menos votos no segundo turno, do que no primeiro. As pesquisas até aqui estão indicando que este fato raro (menor que 1%) poderá se repetir nesta eleição presidencial. Se ele se confirmar, indago: qual terá sido, o motivo?
Qualquer que seja a sua resposta e preferência considero, que a existência desta possibilidade, mesmo que remota acaba sendo, mais um fator, pró-existência do segundo turno. Nem sempre, um candidato vencedor em primeiro turno sai mais fortalecido do que outro, que foi obrigado a disputar mais um turno, abrindo mão de certezas, para compor programas e equipes e repensar um governo, que obrigatoriamente terá que caminhar para uma coalizão ou concertação.
A “concertação” palavra derivada da “concertación”, na verdade, é o verdadeiro motivo, deste meu artigo. Considero que este é ainda um aprendizado que necessitamos absorver em nossa tenra democracia representativa. A eleição é um processo de escolha e não uma guerra, embora, até nestas, se dispute, mate, aleije, mas, com a perspectiva de um diálogo futuro, onde o vencedor avança na proporção da sua vitória, mas não precisa ter o aniquilamento do seu adversário.
Espero que possamos avançar no período pós-eleitoral, em que vencedores e vencidos consigam traçar um plano para o país. Em 2010 guerreamos de novo. Também aprendi com a experiência da vida, que cabe mais e quase exclusivamente, ao vencedor, o lançamento da ponte ou das pontes para este pacto ou concertação. Ao vencedor cabe obrigatoriamente, a humildade diante da magnanimidade da sua vitória, ao vencido, cabe a superioridade de reconhecer o vencedor e de que, o objeto da disputa que enfrentou é maior do que as suas pretensões pessoais. Que assim seja!
Publicado na Folha da Manhã em 27 de outubro de 2006.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home