13 outubro 2006

A aviação e o aeroporto de Campos

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail:
moraes.rol@terra.com.br

A atividade de professor tem uma série de vantagens em relação a outras. Nela, muitas das vezes, você mais aprende que ensina. Eu, particularmente, tenho tido diversas oportunidades de conhecer e aprender, junto com alunos, de diversos cursos, dados, questões e detalhes sobre a realidade da nossa região.

A última aconteceu há duas semanas quando participei de uma banca de avaliação de uma monografia de pós-graduação do curso de Produção e Sistemas do Cefet Campos. O trabalho apresentado por Cláudio Rodolpho Tavares e orientado pela professora Ana Campinho tratou do transporte aéreo em Campos, com um estudo de caso sobre o aeroporto Bartolomeu Lisandro.

Nele, fiquei sabendo que, apenas seis anos depois do invento do 14 Bis em Paris, por aqui na planície Goitacá, em 1912, houve três vôos de exibição do aviador italiano Gian Felice Gino. O avião “Bleriot” deliciou, nos primeiros dias de agosto, a multidão que fascinada assistiu à evolução da aeronave, a 300 metros de altura, num percurso entre a Lapa e a estação do Saco. O sucesso estrondoso da peripécia fez com que novos vôos fossem repetidos nos dias 10 e 11 agora no trajeto entre a usina do Queimado e São Gonçalo, atual bairro de Goitacases.

Descobri ainda que foi em 1927, que se começou a exploração dos serviços de transporte aéreo em nosso país e que, já em 1930, a empresa Nyrba do Brasil foi autorizada a efetuar tráfego aéreo no país, inaugurando sua primeira linha ligando o Rio de Janeiro a Fortaleza, que possuía escalas em oito cidades, que incluía Campos, numa viagem que durava mais de 34 horas.

Relembrei o conhecido episódio da descida do hidroavião, do presidente Getúlio Vargas em 1936 e fiquei sabendo que em 19 de julho de 1937, pela primeira vez, tocou em solo campista, um vôo internacional com o avião da Panair, que também inaugurou, uma linha de aviões de passageiros e logo depois, de Correio Aéreo, entre Campos e a capital federal, o Rio de Janeiro.

O estudo levantou ainda, que os primórdios do atual aeroporto começou com o Aeroclube de Campos, fundado no final da década de 30 que teve o reforço de pessoas influentes na sociedade campista, no meio da década de 40. Informou que em 1943, em meio à guerra, houve uma transferência do uso do aeroporto, para uma pista na Fazenda Palacete em Barcelos.

Na verdade, o surgimento do atual aeroporto se efetivou em 1948, na gestão do prefeito Pereira Passos, que com um crédito de 500 mil cruzeiros adquiriu a área, onde se construiu a pista de pouso nas terras, que foram do usineiro Bartolomeu Lisandro Albernaz. O aeroporto acabou inaugurado em 19 de outubro de 1952 tendo sido denominado inicialmente como Bonsucesso.

Até 1974 a pista, os hangares, as oficinas e o terminal foram utilizados pela aviação comercial, pelo Aeroclube e por vôos militares. O grande incremento de uso do aeroporto se deu com o descobrimento do petróleo na Bacia de Campos. A partir daí, a Petrobras passou a utilizá-lo como base para o transporte de trabalhadores até às plataformas. Mudanças significativas e perguntas sem respostas completarão este assunto, na próxima semana.

Publicado na Folha da Manhã em 13 de outubro de 2006.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Adiantando Pergunta: Porque que uma cidade do porte de Campos, com sua importancia, sua bacia petrolifera tem um transporte aéreo tão precário? Porque que só existe diariamente dois horários de vôos? Você vai ao Rio e se não puder pegar o avião que sai de lá às 16:00, você tem que dormir por lá mesmo? Porque isso? Eu não entendo? E gostaria de entender.

23:05  
Blogger Roberto Moraes said...

Olá Dulce,

Esta é uma boa e oportuna pergunta, que pretendo deixar para ser respondida pelos leitores, no próximo artigo a respeito do tema.

Estranho que você tenha em dez anos um orçamento municipal multiplicado por trinta e um movimento aéreo caído pela metade.

Abraços,
Roberto Moraes

12:47  

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