Finalmente, uma proposta interessante!
Professor do Cefet Campos
e-mail: rmoraes@cefetcampos.br
Através da jornalista Júlia Assis da Folha da Manhã tomei conhecimento que o Ministério dos Transportes estava procedendo a estudos sobre a viabilidade da retomada do transporte ferroviário de passageiros entre Campos e Macaé e possivelmente o Rio de Janeiro. Minha reação foi um misto de descrédito e empolgação. Pensei alto: finalmente uma proposta inovadora!
Ainda estimulado imaginei que esta poderia ser uma forma da nossa região começar a apresentar um conjunto de empreendimentos como compensação pela perda do Complexo Petroquímico para Itaboraí. Neste sentido, a localização de Itaboraí entre Campos, Macaé e o Rio de Janeiro ajuda na decisão da dotação de uma infra-estrutura mais significativa de transporte.
Coincidentemente, em 2006, completa-se 150 anos da construção da primeira ferrovia no país. O empreendedor, mesmo na época do império, foi um particular, Irineu Evangelista, o depois condecorado, Barão de Mauá. A estrada era a que ligava o Rio de Janeiro a Petrópolis.
Infelizmente um planejador equivocado e/ou mal intencionado desacreditou este tipo de transporte em nosso país. O equívoco não tinha lastro em experiências de outras regiões do mundo.
No Reino Unido, a também sesquicentenária ferrovia que liga Londres a Glasgow está sendo reformada com instalação de novos trilhos, substituição dos dormentes, sinalização, etc. Para se ter uma noção da importância econômica que representa esta ferrovia, saiba que toda a sua reforma está sendo feita sem que haja interrupção para além da meia noite da sexta-feira até as dezoito horas do domingo. Nos 2.672 quilômetros circulam 2,5 milhões de passageiros por mês que utilizam modernos trens italianos que circulam a uma velocidade de até 200 quilômetros por hora.
Sonhar com algo semelhante entre a principal zona de produção de petróleo da América Latina e a principal receptora do turismo internacional brasileiro, o Rio de Janeiro, não pode ser ficção. Imagine se um ramal possibilitasse um pouso em Cabo Frio e Búzios. A caminho dos Campos dos índios Goytacazes, uma parada na base petrolífera de Macaé poderia oferecer um pouso histórico nas paragens que já hospedou D. Pedro II em Quissamã. A retomada do caminho só poderia se dar após a visita ao pantanal fluminense que se hospeda no parque Jurubatiba.
Em nossos Campos, o roteiro do Imbé e suas serras junto ao parque do Desengano e das cachoeiras de São Fidélis seriam também fortes atrativos. Nos planejamentos turísticos já se sabe, também há algum tempo, que o turismo torna-se viável e uma real alternativa econômica, quando se trabalha regionalmente com roteiros e não com pontos isolados. Melhor ainda se estes roteiros puderem ser com temas complementares como turismo de mar, de negócios, de lazer, aventura, rural e ecológico como os descritos acima.
É preciso que se inove. É necessário pensar grande, para só depois realizar o possível com parcerias entre municípios vizinhos, estado e a união. Um bom começo poderia ser esta retomada do transporte de passageiros por ligação ferroviária entre Campos e Macaé. Ela poderia aliviar parte do fluxo diário de quatro mil passageiros que hoje é obrigado a enfrentar a assassina BR-101. É repetitivo, mas importante relembrar: necessita-se de planejamento!
Publicado na Folha da Manhã em 23 de junho de 2006
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