Tombamento dos estádios do Goytacaz e do Americano
Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br
Um artigo, num dia espremido entre um feriado e o final de semana, não deve ser coisa muito séria. Pois bem, o assunto que trago não é exatamente leve, mas, próximo: uma sugestão que é, ao mesmo tempo, uma provocação.
Estou propondo, que o novo Plano Diretor do município defina pelo tombamento histórico dos estádios de futebol, Ari de Oliveira e Souza, do Goytacaz e do estádio Godofredo Cruz, do Americano.
A justificativa é curta e objetiva: evitar que a história destes espaços seja substituída, por construções futuras, em projetos “mirabolantes” de eventuais diretorias. Mais do que nunca, hoje não há mais espaço para ilusões, especialmente em cidades de porte médio, como a nossa, que gere demandas por grandes estádios de futebol.
O prejuízo financeiro que poderá ser alegado, por alguns dirigentes, pelo engessamento destes espaços, pode ser perfeitamente indenizado, pelo instrumento, que também deve constar do Plano Diretor: a “outorga onerosa do direito de construir” (solo criado). O espaço deste artigo, não permite explicar em detalhes sobre ele, mas, resumo, dizendo que este impedimento de venda para ocupações diferentes nestes espaços, pode ser compensado, financeiramente, com arrecadações obtidas junto a outros projetos, que só terão autorização com a preservação de espaços como estes.
Além do mais, deve-se lembrar, que as áreas ao redor destes dois estádios, já são áreas urbanizadas com significativo adensamento populacional, especialmente, o caso do Goytacaz, que é circundado, por vias com capacidades limitadas, em termos de fluxo de veículos, que teriam imensos problemas, com um adensamento, conseqüente de uma eventual ocupação, residencial-vertical ou comercial. Há ainda que se considerar a importância, em termos culturais, da preservação da memória existente a partir das emoções usufruídas pelos nossos antepassados, diante de uma sociedade, atualmente tão pasteurizada e de passado quase apagado, a que estamos ameaçados.
Porém, a mais importante justificativa é a da história e tradição destes dois clubes. No caso do Goytacaz, apesar do clube ter sido criado em 1912, somente em 9 de Janeiro de 1938, o atual estádio, na rua dos Goytacazes foi inaugurado. Hoje possui capacidade para 15 mil espectadores e tem como registro de maior público os 14.996 assistentes, do jogo em que o Goytacaz perdeu de um a zero, para o Flamengo, no dia 1 de Setembro de 1978.
O estádio do Americano foi inaugurado em 24 de janeiro de 1954, curiosamente tendo como partida inaugural, o jogo do Bangu contra o Goytacaz. O estádio teria hoje uma capacidade de 25 mil torcedores, embora, tenha como maior público, o registrado, no dia 30 de março de 1983, no jogo em que o Americano empatou de 2 a 2 com o Flamengo. Diz-se que neste jogo foram vendidos 20 mil ingressos e ainda, muitos torcedores ficaram, sem condições de acesso ao interior do estádio.
Uma outra e complementar sugestão, ao contrário da apresentada acima, sai do campo da razão, para entrar na seara da emoção e da paixão, que está inclusive, fazendo-me dedicar tempo para escrever sobre sua história: a torcida do Goytacaz. A sugestão é de que seja também tombada, como bem “imaterial”, a apaixonada torcida do Goytacaz. Imagino que até a torcida rival, do Americano haverá de concordar com isso, ou não?
Publicado na Folha da Manhã em 3 de novembro de 2006.
Professor do Cefet Campos
e-mail: moraes.rol@terra.com.br
Um artigo, num dia espremido entre um feriado e o final de semana, não deve ser coisa muito séria. Pois bem, o assunto que trago não é exatamente leve, mas, próximo: uma sugestão que é, ao mesmo tempo, uma provocação.
Estou propondo, que o novo Plano Diretor do município defina pelo tombamento histórico dos estádios de futebol, Ari de Oliveira e Souza, do Goytacaz e do estádio Godofredo Cruz, do Americano.
A justificativa é curta e objetiva: evitar que a história destes espaços seja substituída, por construções futuras, em projetos “mirabolantes” de eventuais diretorias. Mais do que nunca, hoje não há mais espaço para ilusões, especialmente em cidades de porte médio, como a nossa, que gere demandas por grandes estádios de futebol.
O prejuízo financeiro que poderá ser alegado, por alguns dirigentes, pelo engessamento destes espaços, pode ser perfeitamente indenizado, pelo instrumento, que também deve constar do Plano Diretor: a “outorga onerosa do direito de construir” (solo criado). O espaço deste artigo, não permite explicar em detalhes sobre ele, mas, resumo, dizendo que este impedimento de venda para ocupações diferentes nestes espaços, pode ser compensado, financeiramente, com arrecadações obtidas junto a outros projetos, que só terão autorização com a preservação de espaços como estes.
Além do mais, deve-se lembrar, que as áreas ao redor destes dois estádios, já são áreas urbanizadas com significativo adensamento populacional, especialmente, o caso do Goytacaz, que é circundado, por vias com capacidades limitadas, em termos de fluxo de veículos, que teriam imensos problemas, com um adensamento, conseqüente de uma eventual ocupação, residencial-vertical ou comercial. Há ainda que se considerar a importância, em termos culturais, da preservação da memória existente a partir das emoções usufruídas pelos nossos antepassados, diante de uma sociedade, atualmente tão pasteurizada e de passado quase apagado, a que estamos ameaçados.
Porém, a mais importante justificativa é a da história e tradição destes dois clubes. No caso do Goytacaz, apesar do clube ter sido criado em 1912, somente em 9 de Janeiro de 1938, o atual estádio, na rua dos Goytacazes foi inaugurado. Hoje possui capacidade para 15 mil espectadores e tem como registro de maior público os 14.996 assistentes, do jogo em que o Goytacaz perdeu de um a zero, para o Flamengo, no dia 1 de Setembro de 1978.
O estádio do Americano foi inaugurado em 24 de janeiro de 1954, curiosamente tendo como partida inaugural, o jogo do Bangu contra o Goytacaz. O estádio teria hoje uma capacidade de 25 mil torcedores, embora, tenha como maior público, o registrado, no dia 30 de março de 1983, no jogo em que o Americano empatou de 2 a 2 com o Flamengo. Diz-se que neste jogo foram vendidos 20 mil ingressos e ainda, muitos torcedores ficaram, sem condições de acesso ao interior do estádio.
Uma outra e complementar sugestão, ao contrário da apresentada acima, sai do campo da razão, para entrar na seara da emoção e da paixão, que está inclusive, fazendo-me dedicar tempo para escrever sobre sua história: a torcida do Goytacaz. A sugestão é de que seja também tombada, como bem “imaterial”, a apaixonada torcida do Goytacaz. Imagino que até a torcida rival, do Americano haverá de concordar com isso, ou não?
Publicado na Folha da Manhã em 3 de novembro de 2006.
1 Comments:
Roberto , Bom dia
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que fico feliz em reve-lo. Afinal, fomos amigos de sala de aula, desde o tempo em que estudamos no ginasio da escola técnica, bem antes de ter o ginasio esportivo. Um prazer reve-lo.
Concordo em tudo o que disse nessa matéria, principalmente no que diz respeito ao Goytacaz. Realmente, não dá para entender racionalmente, o que acontece com meus filhos, que torcem mais pelo azul, que nunca virão ser campeão, ou jogar na primeira divisão, do que pelos times dos grandes centros.
Coisa de amor profundo.
Gostaia inclusive de convesar mais com voce a respeito do Goytacaz.
Um abraço do Robinho,
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