Bola na área da Saúde
Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail:moraes@fmanha.com.br
Em época de Copa do Mundo as metáforas futebolísticas podem, mais do que nunca, nos ajudar a explicar algo que pretendemos que seja melhor compreendido. Neste sentido, quero dizer que o Dr. José Manuel Moreira, presidente da Fundação Dr. João Barcellos Martins que controla o Hospital Ferreira Machado, em entrevista esta semana numa rádio em nossa cidade botou a bola no chão ao analisar a situação da saúde no município.
Entre outras coisas disse com propriedade que a área de saúde em Campos tem muito dinheiro a sua disposição e não é possível que as pessoas precisem ficar fazendo pedidos e favores para ter direito a exames e a um melhor atendimento na área da saúde.
“São cem postos de saúde, sessenta postos de saúde da família e no final...?” O conceituado médico reclamou também de forma veemente dos hospitais conveniados que recebem um bom dinheiro da prefeitura e nem sempre colocam seus leitos a postos para desafogar a intensa demanda que chega no Hospital Ferreira Machado, especialmente nos feriados e fins de semana. Neste caso, disse ele: “quando o hospital municipal tem um acúmulo de pacientes acaba não tendo onde se socorrer para o envio de pacientes para estes hospitais conveniados, porque muitas vezes, eles não mantêm médicos e nem enfermeiros plantonistas para pronto atendimento”.
Dr. José Manuel também explicou algumas dificuldades como a de se encontrar médicos, especialmente pediatras, para o trabalho de plantão nos finais de semana. Disse que a prefeitura paga em torno de R$ 2,7 mil por um plantão de 24 horas no sábado e mesmo colocando anúncio até em jornal do Rio de Janeiro não conseguiu resolver este problema.
Falei que o Dr. José Manuel botou a bola no chão, mas quero corrigir. Na verdade, o que ele fez foi jogar a bola na área com este diagnóstico que me pareceu preciso, corajoso e acima de tudo sincero e ético como o julgamento que fez a Hipócrates junto com seus colegas de profissão.
Alguém tem que dominar e chutar esta bola. Como participante do jogo, na condição de munícipe assino embaixo lembrando que o orçamento da saúde previsto para este ano é de pelo menos R$ 252 milhões que equivalem a cinco vezes todo o orçamento do vizinho município de São Francisco do Itabapoana. Repito todo, o que paga salários, o custeio e o investimento.
Em 2003, há apenas três anos atrás, o orçamento da saúde no município de Campos era de R$ 58 milhões, portanto, a mim me parece que o crescimento de quase cinco vezes no orçamento da área, não teve a sua correspondência, na mesma proporção (lembro que de cinco vezes) na melhoria da qualidade do atendimento em saúde que atinja o cidadão.
Parece evidente a existência de um problema de gestão. Estou errado? Pergunte ao munícipe que alguns chamam, neste caso de usuário do sistema SUS. Se numa pesquisa sobre o assunto, o cidadão disser que sim eu vou para a arquibancada bater palmas. Se a resposta for não, convoco desde já, você a também chutar a bola que reivindica a melhoria da qualidade do atendimento em saúde em Campos. Chega de bolas nas costas!
Publicado na Folha da Manhã em 30 de junho de 2006.
Professor do Cefet Campos
e-mail:moraes@fmanha.com.br
Em época de Copa do Mundo as metáforas futebolísticas podem, mais do que nunca, nos ajudar a explicar algo que pretendemos que seja melhor compreendido. Neste sentido, quero dizer que o Dr. José Manuel Moreira, presidente da Fundação Dr. João Barcellos Martins que controla o Hospital Ferreira Machado, em entrevista esta semana numa rádio em nossa cidade botou a bola no chão ao analisar a situação da saúde no município.
Entre outras coisas disse com propriedade que a área de saúde em Campos tem muito dinheiro a sua disposição e não é possível que as pessoas precisem ficar fazendo pedidos e favores para ter direito a exames e a um melhor atendimento na área da saúde.
“São cem postos de saúde, sessenta postos de saúde da família e no final...?” O conceituado médico reclamou também de forma veemente dos hospitais conveniados que recebem um bom dinheiro da prefeitura e nem sempre colocam seus leitos a postos para desafogar a intensa demanda que chega no Hospital Ferreira Machado, especialmente nos feriados e fins de semana. Neste caso, disse ele: “quando o hospital municipal tem um acúmulo de pacientes acaba não tendo onde se socorrer para o envio de pacientes para estes hospitais conveniados, porque muitas vezes, eles não mantêm médicos e nem enfermeiros plantonistas para pronto atendimento”.
Dr. José Manuel também explicou algumas dificuldades como a de se encontrar médicos, especialmente pediatras, para o trabalho de plantão nos finais de semana. Disse que a prefeitura paga em torno de R$ 2,7 mil por um plantão de 24 horas no sábado e mesmo colocando anúncio até em jornal do Rio de Janeiro não conseguiu resolver este problema.
Falei que o Dr. José Manuel botou a bola no chão, mas quero corrigir. Na verdade, o que ele fez foi jogar a bola na área com este diagnóstico que me pareceu preciso, corajoso e acima de tudo sincero e ético como o julgamento que fez a Hipócrates junto com seus colegas de profissão.
Alguém tem que dominar e chutar esta bola. Como participante do jogo, na condição de munícipe assino embaixo lembrando que o orçamento da saúde previsto para este ano é de pelo menos R$ 252 milhões que equivalem a cinco vezes todo o orçamento do vizinho município de São Francisco do Itabapoana. Repito todo, o que paga salários, o custeio e o investimento.
Em 2003, há apenas três anos atrás, o orçamento da saúde no município de Campos era de R$ 58 milhões, portanto, a mim me parece que o crescimento de quase cinco vezes no orçamento da área, não teve a sua correspondência, na mesma proporção (lembro que de cinco vezes) na melhoria da qualidade do atendimento em saúde que atinja o cidadão.
Parece evidente a existência de um problema de gestão. Estou errado? Pergunte ao munícipe que alguns chamam, neste caso de usuário do sistema SUS. Se numa pesquisa sobre o assunto, o cidadão disser que sim eu vou para a arquibancada bater palmas. Se a resposta for não, convoco desde já, você a também chutar a bola que reivindica a melhoria da qualidade do atendimento em saúde em Campos. Chega de bolas nas costas!
Publicado na Folha da Manhã em 30 de junho de 2006.
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